05 março 2015



Grades invisíveis estendem-se à nossa volta e impedem-nos de fugir do sentimento, perfuram-nos, deitam-nos abaixo, riem-se de nós. Não dá para explicar quando tudo o que vivemos tem uma maior importância do que isso. É verdade que, em tempos, não me saía da cabeça. Mas agora, o meu cérebro deve ser ocupado por outros assuntos. De quando a quando, cai-me tudo... Ponho-me a magicar sobre o que não devo, e de repente sinto um turbilhão imenso de sentimentos contraditórios - entre eles saudade, desprezo, desilusão, tristeza, felicidade e uma leve paixão - que me faz querer deitá-los cá para fora sem sequer olhar para trás. Mas como se trata de algo que não é possível, fica cá dentro, no meu interior, onde os locais ocupados com cicatrizes são mais extensos do que os sãos. Imaginemos uma bola de neve... É tal e qual. Vou acumulando tudo e, ao longo da descida pela montanha, a bola vai aumentando... Até que não há mais montanha. No meu caso, até que não há mais força.
Sem eu dar conta, todos aqueles sentimentos que me iam martirizando aos poucos estão-me a escorrer pelos olhos, pelos poros, pelo coração; tudo o que eu sou grita de agonia, e a coragem que antes eu tentava mostrar perante os que estão de fora fugiu sem deixar rasto. E o que eu devia fazer deveria ser, igualmente, fugir. Mas não é daqui. É do que ainda sinto.

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